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Tudo é vaidade

18 de Junho de 2017 | 22 minutos de leitura | devocionais

“Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade.” (Eclesiastes 1:2)

Paz do Senhor a todos, hoje vou falar sobre o livro de Eclesiastes, este livro foi escrito por Salomão, filho de Davi, ao qual, no livro, se denomina o pregador. Salomão era conhecido por duas coisas, pela sua sabedoria, o homem mais sábio que pisou na terra e pela sua riqueza, conforme o que dissera Deus em 2 Crônicas 1:11 e ele escreveu três livros, Cantares durante sua juventude, Provérbios na sua fase adulta e Eclesiastes durante sua maturidade, ou terceira idade, ou velhice, como queiram chamar.

O que Salomão quis dizer com tantas repetições da palavra vaidade? Ele quis dar ênfase, destaque, queria chamar a atenção para algo tão importante. Na língua portuguesa quando queremos dar ênfase a algo importante colocamos em letra maiúscula, entre parêntese, entre aspas, em negrito; no hebraico quando se quer dar ênfase, enfatizar algo importante a palavra se repete, conforme pode ser lido nesse versículo e também em outro exemplo como Isaías 6:3, que diz: “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos exércitos; toda a terra está cheia de Sua glória”. Onde Isaías declara o atributo mais importante de Deus, e quis dizer que Deus é completamente Santo, por isso há essa repetição de palavras.

Salomão era um homem sábio, significa que era um homem sereno, controlado, reflexivo, e isso não vem do homem, a sabedoria é dom de Deus e o seu princípio é o temor ao Senhor (Provérbios 9:10). E quando se falou de vaidade tantas vezes ele quis dizer que a vida é uma ilusão, o dinheiro é uma ilusão, os inúmeros romances são ilusões, a beleza é uma ilusão, tudo é ilusão, tudo é vaidade.

Salomão teve tudo, teve mulheres de todos os tipos, dinheiro, tudo do bom e do melhor, recebia toneladas e toneladas de ouro por ano, carros, cavalos, cavaleiros, foi o maior rei depois de seu pai, Davi, e embora tenha tido tudo isso, ao final de sua vida ele reconheceu que tudo é vaidade, não serve pra nada, nada se aproveitaria.

O que o mundo ensina sobre a felicidade, sobre o que é a felicidade pode ser muito bem confrontado com o exemplo de Salomão. O mundo ensina que o “ter” é o que nos faz feliz, que o prazer é o que nos faz feliz, que a felicidade se obtém através dos prestígios, das posses que podemos adquirir. É como se você fosse encontrar paz, satisfação, plenitude, razão de viver e felicidade em conquistas materiais obtidas durante sua vida. Ora, se essa filosofia que é tão disseminada pelo mundo fosse correta, não seria Salomão o homem mais feliz do mundo? Não seria Salomão o homem mais pleno e satisfeito que já tivera pisado antes na terra?

Em 1 Reis a partir do capítulo 4 narra a história de Salomão como rei e a partir do 10 vai mostrando sua rotina, como que eram suas posses, quem era esse homem em relação a suas posses. O homem com bastante propriedade no assunto no que se diz respeito as riquezas, a posses, a bens, a mulheres, a prazeres, escreveu que tudo é vaidade. Podemos observar alguns aspectos das posses de Salomão:

1) Fortuna (1 Reis 10:14)

Salomão recebia por ano aproximadamente 25 toneladas de ouro entre presentes, escavações, doações… De acordo com o site Dolar hoje, uma grama de ouro custa R$ 134,00, que daria uma fortuna de R$ 3.350.000.000,00 anualmente, se fosse convertido para nossa época. Somente de ouro, fora o que recebia de tributos e impostos de outros reinos e seus respectivos negócios. Certamente, conforme o câmbio atual, sua fortuna passaria dos 5 trilhões de reais. E não parava por aí, toda sua decoração, palácios, cavalos, guarda pessoal eram banhados, revestidos de ouro. Tamanha riqueza era algo tão exuberante e absurdo que nem mesmo o homem mais rico hoje ao menos se compararia com o que Salomão obtivera durante toda sua vida. Sua riqueza era tão imensurável e abundante que chegou-se até a uma desvalorização da prata (1 Reis 10:21), tornando-a insignificante, bem como o cedro e outras coisas valiosas na época (1 Reis 10:27). Não é por acaso que Deus diz que era o rei mais rico que já tivera pisado nesse mundo (1 Reis 10:23). Salomão jamais conseguiria gastar tudo o que tinha, pois possuía mais riquezas do que poderia gastar em toda sua vida.

2) Prestígio (1 Reis 10:24)

Salomão tinha muitos prestígios, ditava o que era certo e o que era errado, era considerado termômetro social, religioso, econômico, financeiro e político da terra. Era requisitado por todas as outras autoridades existentes, conselheiro dos grandes príncipes e reis da terra e todos iam até ele em busca de ouvir seus conselhos. Excedeu em sabedoria a todos os que tiveram pisado no mundo. Seu prestígio era graças a sua sabedoria fora do comum e sua linhagem real, filho de Davi, maior rei do Antigo Testamento, e não somente isso, era de uma linhagem messiânica, da sua linhagem descenderia o Messias, o qual Salomão fazia parte. O que Salomão falava, estava falado, suas decisões eram como uma linha conceitual que dividia o certo do errado, heresias de lei.

3) Mulheres (1 Reis 11:1-3)

Como se não bastasse, além de Salomão ser o maior expoente financeiro, profissional e intelectual da época e de todos os tempos, Salomão tinha uma vida amorosa bastante ativa, tantas mulheres que precisaria de quase três anos para se deitar com a mesma mulher novamente, caso ele quisesse ter uma mulher diferente por dia. Todo o clima sexual, sentimental, romântico Salomão experimentou, seria impossível enjoar tendo pra ele essa quantidade de mulheres de diferentes raças, cor, credo, porte físico e estatura.

Esse era Salomão, tendo alcançado o auge de tudo, em todas as áreas, comendo, bebendo e desfrutando de tudo quanto havia de bom na terra durante sua vida, desde sua mocidade até chegar em Eclesiastes e escrever que tudo é vaidade, que tudo o que teve não passava de vaidade. Salomão prova que o que o mundo diz sobre o conceito de felicidade está completamente equivocado. Em nenhum lugar que passou, em nenhuma posse que teve, em nenhuma riqueza que obteve, em nenhuma mulher a qual ele deitou, ele encontrou felicidade. Tudo é vão, tudo é ilusão, tudo é pífio, tudo é vaidade.

Em 1 João 2:15-17, retrata bem o que Salomão viveu e quis dizer, pois aquele que ama o mundo e as coisas que há no mundo, não alcançará a felicidade, pois tudo passa, essa felicidade passa, as coisas do mundo passam e só os que fazem a vontade de Deus alcançam a verdadeira felicidade.

Os nossos olhos, os nossos ouvidos, a nossa carne não se cansam de buscar uma falsa felicidade, uma novidade, uma nova tecnologia, uma nova profissão, uma nova comida, uma nova mulher, uma nova aventura, somos insaciáveis até chegar a hora de irmos pra tumba, jogar tudo ao vento e tornar tudo pó. Quem se lembra constantemente daqueles que passaram? Aquilo que era novidade a dez, vinte anos atrás, hoje não se houve mais falar. Geração morre, geração nasce e aquilo que aconteceu entrou pra história, caindo no esquecimento, restando apenas pouca coisa pra ser lembrada.

Salomão desfrutou de todas as futilidades que a vida o proporcionou. Um ciclo vicioso de futilidades entre comer, beber, se relacionar, engordar, ficar doente, emagrecer e morrer, tudo sem algum ou nenhum propósito. Vou trabalhar, e trabalhar e juntar dinheiro e isso e isso e isso o que? Vou comprar isso e vou aqui e vou ali e vou isso e vou aquilo e vai aonde?

Digo isso por mim também, pois certa feita uma pessoa bastante querida minha me perguntou: sabia que isso que você está estudando não te levará em lugar nenhum? Pois eu sei que você irá passar, realizará seu sonho, mas e depois? Sempre vai querer mais e mais e não vai se saciar e nunca alcançará a felicidade. Eu, respondendo, disse: depois de consegui meu sonho, serei feliz e quererei outro sonho e vou tentar alcançá-lo também. Respondi mal, parece até que parafraseei o que a ex-presidenta Dilma falou sobre quando alcançar a meta deveríamos dobrar a meta (rsrsrs). Vaidade! Tudo é vaidade! Jamais nos saciaremos com o “ter” e essa corrida pelo ter sempre cobra um alto preço, nos cobra o custo de toda nossa vida.

Riqueza, poder, influência, prestígio, mulheres, tudo o que os seus olhos desejavam ele não os negou (Eclesiastes 2:10) e tudo isso em abundância pra no fim escrever que tudo é vaidade. Trabalhar igual maluco, estudar igual um doido, fazer uma corrida desenfreada pelo ter não vai te levar a lugar nenhum além de te deixar acabado, cansado, doente, com dor de cabeça, cheio de sequelas no corpo e no fim, jaz um pobre homem, velho, cansado e sem poder desfrutar o que pegou durante sua vida.

Se tudo não passa de vaidade, de ilusão, de algo pífio e supérfluo, o que fazer então? Ficar em um mosteiro, em casa ou na igreja e não fazer mais nada ou outra coisa? Eclesiastes 12:13 tem a resposta: “De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Temer a Deus, e guardar Seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem”. Essa é a suma, a razão, o propósito da nossa existência: temer ao Senhor e obedecer as Suas Leis. A única forma de encontrar a verdadeira, a real felicidade é viver para Deus, viver para a Glória do Senhor, viver pro crescimento e avanço do Reino de Deus e que possamos assim buscar constante crescimento espiritual.

Meus irmãos, Salomão está nos ensinando que devemos viver pra Deus, obedecer Suas Leis e não nos deixarmos levar pelas coisas do mundo, pois as coisas do mundo são superficiais, são passageiras, são ilusões, são vaidades de vaidade, porém aqueles que vivem para a Glória do Senhor, estes sim, encontram a verdadeira felicidade. Vivam da terra e desfrutem dela e do suor do trabalho que Deus deu a cada um, não há problema nisso, no entanto vivam pensando na eternidade, vivam com os olhos para a eternidade, andem em temor durante essa curta passagem que temos na terra, preguem o evangelho, obedeçam as escrituras e façam qualquer outra coisa para a glória de Deus!

Para encerrar, como diz em 1 Coríntios 10:31, “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais, qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus”. Seja qual for seu ministério, seja qual for seu chamado, seja qual for seu ofício, faça tudo para a honra e glória de Deus! Se for advogado, seja advogado para a glória de Deus, se for lixeiro, seja lixeiro para a glória de Deus e O exalte, onde quer que esteja, fazendo o que estiver fazendo, pois a Ele toda a glória, o louvor e adoração pelos séculos dos séculos, amém!